Ensinamento
Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. Não é. A coisa mais fina do mundo é o sentimento. Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, ela falou comigo: "Coitado, até essa hora no serviço pesado". Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente. Não me falou em amor. Essa palavra de luxo. (Adélia Prado)
APRESENTANDO O GRUPO DE PERFORMANCES POÉTICAS CLAMA, DECLAMA, RECLAMA.
O Grupo de Performances Poéticas CLAMA, DECLAMA, RECLAMA nasceu da necessidade de viabilizar um contato proximal da arte literária e cênica com o público transeunte dos diversos espaços urbanos. Atualmente é formado por amantes da arte teatral e poética que têm procurado fundamentar suas atividades na pesquisa minuciosa de obras que tematizam a sensibilidade, a arte e as relações, apresentando-as de forma performática, nos mais variados espaços e eventos educacionais, artísticos e culturais ESPAÇOS MÚLTIPLOS E ALTERNATIVOS COMO FEIRAS, RESTAURANTES, PIZZARIAS, ESCOLAS, CLUBES, ENTRE OUTROS ESPAÇOS que oportunizem o contato sensível com a arte literária e cênica de forma circunstancial. O instrumento desta relação é a poesia, que encontra no recital, a forma mais sensível e simples de traduzir o belo presente na harmonia das palavras. Na sua terceira formação, em março deste ano o Grupo completou 11 anos de fundação renovando a expectativa de levar arte e poesia aos diversos recantos sempre evidenciando o pensar e o fazer artístico com leveza e criatividade.
A fruta aberta
(Thiago de Mello)
(Thiago de Mello)
Agora sei quem sou.
Sou pouco, mas sei muito,porque sei o poder imenso que morava comigo,
mas adormecido como um peixe grande no fundo escuro e silencioso do rio
e que hoje é como uma árvore plantada bem alta no meio da minha vida.
Agora sei as coisas como são.
Sei porque a água escorre meiga e porque acalanto é o seu ruído na noite estrelada
que se deita no chão da nova casa.
Agora sei as coisas poderosas que valem dentro de um homem.
Aprendi contigo, amada.
Aprendi com a tua beleza,com a macia beleza de tuas mãos...
(...) Contigo aprendi que o amor reparte mas sobretudo acrescenta,
e a cada instante mais aprendo com o teu jeito de andar pela cidade como se caminhasses de mãos dadas com o ar, com o teu gosto de erva molhada,
com a luz dos teus dentes,tuas delicadezas secretas, a alegria do teu amor maravilhado,e com a tua voz radiosa que sai da tua boca inesperada como um arco-íris
partindo ao meio e unindo os extremos da vida,
e mostrando a verdade
como uma fruta aberta.
(Sobrevoando a Cordilheira dos Andes, 1962)